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terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

1984

º"Aquele que se deixa prender por uma Alegria / Rasga as asas da vida; / Aquele que beija a Alegria enquanto ela voa / Vive no amanhecer da Eternidade."

Nascido sob Gêmeos, não é estranho, e sim belo, o Bem e o Mal morarem dentro de mim. Os dois de mãos dadas, dançando ao som de estrelas cadentes.Cadentes? não nem sempre, elas sobem, giram e não vão há lugar nenhum.

Eu irei? Porque vi Ele e Mefistófeles jogando xadrez, e eu era o peão preto e o branco também, e eles brincam comigo, riem de mim. E eu deles.

Então entre a cidade e as serras eu vou indo, em companhia da pequena criança, do gato preto de Poe, das flores de Baudelaire, até a tabacaria, onde sento escrevo poesias regadas a tinta e sangue, a café e planos, como uma salada feita com trevos de oito folhas, e sei que todo o Universo se esconde em meu sorriso com covinhas, feito o de Amélie.

Pegue o último portal, sim de repente é a porta errada, ou não.O bardo inglês disse, nós somos feitos do tecido que são feito os sonhos...acredite.
Un jour de pluie

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Ao Exílio

Levantando antes do Sol, olhando minha cara toda amassada de quem aparentemente apenas piscou essa noite.
Saio correndo de casa, contando moedas para ir sacolejando dentro do ônibus, espera aí moedas? Sim, moedas. Poucas, e únicas. As únicas coisas que carrego que os homens costumam dar valor, mas por baixo dessa coisa chamada corpo, carrego em mim todos os sonhos do mundo, sonhos de criança, de mulher, de velho e de homem.
E por mais que isto me traga indecisão às vezes, isso é o que alimenta minha calma, minha fala mansa, e é o alicerce desse sorriso bobo que carrego estampado faça chuva ou faça sol, de olhos abertos ou fechados. Até o dia em que o barqueiro vier, e quando vier, por favor, pegue duas moedas em meu bolso, feche meus olhos e as coloque sobre eles, assim chegarei sorrindo ao Exílio. E escreverei para sempre...

Feira

Ninguém viu
A poesia que existe nas frutas risonhas expostas nas barracas caindo aos pedaços,
no grito monótono do vendedor de peixes,
no suor de trabalho dos homens que carregam caixotes,
nas crianças pedintes que esquecem de pedir e saem brincando entre pernas e carrinhos,
nos orientais que vendem pastéis enquanto gritam com seus funcionários,
e no meio da feira eu estou só, ninguém me vê da forma que eu enxergo os outros
e isso me entristece,
Como eu queria que sentissem como eu sinto, mas existe o livre-arbítrio.
Então só posso desejar boa sorte...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Descobrimento

Ele nunca pensou que estudaria a geografia do corpo dela tão de perto. Então como um menino curioso (que ele é) quis correr para todo lado, era a alegria da chegada, da surpresa dela ali em seus braços.
Como um explorador, foi descobrindo ela, e a cada passo, a cada toque foi-se maravilhando mais e mais, e de tão próximo, tão perdido, foi confundindo seu corpo com o dela.
O toque das duas peles, dos lábios, dos corpos era como se dois universos se chocassem. Dois mundos, duas vidas se encontrando, se distanciando, numa dança mágica que confundia os sentidos, fazendo esquecer o que era tempo, o que era espaço, quem era ele, quem era ela.

Rindo, ele pergunta:

- De que lado fica o Céu, onde a Lua brilha e os anjos dizem amém?
- E a Terra onde o Verde mora?
- E essa Brisa suave que acaricia nossos corpos inflamados pelo desejo?

Ele não quer respostas. Só tem um pedido:
- Encosta teu corpo no meu. Vem sonhar e brincar comigo, brincar mais uma vez de sermos um só...